Existem dois tipos de distância: a distância entre corpos,
comumente conhecida, e a distância entre almas, sempre presente, entretanto
pouco admitida. Sem dúvidas, a que separa fluídos interiores é bem mais
complexa e difícil, porém hoje escrevo-me somente na saudade real, palpável, desejando
apenas capacidade de caminhar muito e rapidamente para encontrar meu corpo
entre abraços de quem tenho longe.
Hoje, calo-me no chorar do tardar da noite, enquanto todos silenciam
e os soluços abafados parecem ecoar. Hoje, falo só do sussurrar de uma voz
conhecida que falta, fazendo puxar pro vácuo o resto que ocupa espaço mas
difere nada.
Não estou num monólogo sobre carência, mas num diálogo entre
mim e eu sobre aquilo que me tem sem me ter, entre tanta estrada que corrompe
espaço de uma alma preenchida, presente do ausente.
Hoje, termino-me em alguém, alguéns, nos próximos distantes,
no meu eu que só consegue se ser quando está perto de quem realmente é matéria.
Termino-me em quem em partes me é e por isso me faz.