sexta-feira, 20 de julho de 2012

Tristeza Parafraseada De Um Escritor


Engraçado como as palavras travam no amanhecer da felicidade. À medida em que o sol da alegria levanta na janela da nossa vida, os parágrafos somem. As letras se jogam das pontes, derretendo no infinito, enchendo de poesia o nada.

Pouca gente entende. Escritor sempre tem dessas de inventar tristeza, mesmo onde não há. Exagerar o mundo, converter formiga em elefante. Lágrimas são textos prontos – não precisam fazer coisa alguma além de cair. E nesse cair já existe o tudo.

O maior alvoroço do mundo cabe no ecoar de um sorriso. E então cala. O seu corpo ri e sua boca paralisa. Alegria é sempre sentimento, nunca palavra. Tristeza que diz. Tristeza que tem mãos cansadas. Por isso, aqui falo somente da alma de quem escreve, pois é necessitada do vazio, mesmo inventado, para fazer existir. É preciso de silêncio para poder gritar no papel.

No meu encontrar da felicidade, desisto. Estou perdida na diluição de letras enquanto, eufórica, minha alma grita por pieguice barata. Agora, sou só líquido cru com sentimento derretido. Assim, findo no silêncio. Felicidade líquida só é bom pra quem toma, e no momento o meu riso me impede de escrever.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Declaro-me culpada


Impulsiva assumida, contrario-me no julgar enquanto me faço sentimento. Nunca afirmei serem as minhas atitudes as corretas. Ao contrário: sou esquerdista, faço parte da acusação, juiz condenador do réu que tenho em mim. E confesso: culpada. Nunca disse que estava certa. Aliás, nunca disse que estava nada.

Não estou. Nunca estive. Meu corpo sempre teve como diversão preferida ir contra minha mente, desafiar meus pensamentos, agir à tangente do meu querer. Na verdade, em partes, é só o que faço: erro. Sem propósito, encontro-me dirigindo nessa estrada de erros onde, a cada parada, meu corpo encontra a ponte da qual se jogar.

Engraçado: já sei dos pulos dados, já conheço o meu chegar despreparado, sei que não posso me aproximar do precipício, que olhar para baixo me faz cair, até quando penso na dor. Não deveria me deixar levar, de novo, de velho, de sempre. Entretanto, não sei. Na hora, sempre me encontro pensando se vou voar. Por um segundo, talvez. Por um milagre, claro.

Empurro-me. Caio. Não voo. E morro-me. Em todos os sentidos da morte, menos no verdadeiro. Então me condeno. Novamente, culpada! Homicídio doloso. Só não me pergunte por quê. Eu nunca sei responder.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

De presente, o presente


Sigo com a ideia fixa de que a vida se derrete no relógio corrido marcando a hora certa. Não me apetece quem vive além ou aquém, em sonhos ou fotografias. Viver o adormecer ou o tédio de um domingo comum me parece bem mais coerente do que sofrer doses de nostalgia num recordar atordoado de algo caído no infinito da vida.

Reviver é bom, querer é necessário, porém prender-se em algum dos extremos de um cabo de guerra é como pedir para a pessoa do outro lado soltar e, neste momento, seus ossos se quebrarem no chão. Bom mesmo é permanecer de fora, largar a corda e correr de braços abertos buscando as horas que escorrem em você. Bom mesmo é se presentear do presente.

É no agora que a gente se faz, se vive e pode se ser. No antes, fomos. Como bons humanos mutantes, modificamos. No próximo, seremos. Não sabemos.  Os móveis quebraram, as paredes sujaram e tudo apenas consertará se a atitude nascer. Por isso, faço-me viver no tempo que grita e diz: deixa ser, deixa suceder.

Velocidade do alheio


Bom é desmanchar-te nas páginas de um livro. Descobrir-te entre verbos jogados por outra pessoa que te vive e nem sabe. Bom mesmo é te encontrar no alheio quando tu te perdes na estrada conhecida. Ou achar companhia distante que te ensina a caminhar nas curvas novas repletas de buracos, sempre presentes até nos mais belos caminhos.

Vi-me cega num lapso de nervosismo enquanto dirigia em alta velocidade em uma rodovia repleta de caminhões. Foram as vírgulas não vistas pelos outros que pararam o tempo. Foram os tantos ques que me tiraram do caminho exatamente quando eu precisava. E gritaram. Gritaram para eu tomar cuidado.

Às vezes, o velho "conhece-te a ti mesmo" é a deixa necessária para nos permitir conhecer pelo outro que nem mesmo nos sabe.  Às vezes, nem mesmo o pensar adianta para refletir sobre o feito por ti. Então deixa alguém te entrar, deixa alguém te saber. Deixa que alguém te faça sentir o que sentes e ainda não floriu. 
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